terça-feira, 12 de março de 2013

Reaprendendo a viver e a conversar

É mais ou menos assim: engatinhando, ouvindo e tentando pronunciar correto e entendendo tudo novamente. Assim que me sinto diante de tantas mudanças. Renascendo. Não por causa só da língua. Mas por conta das mudanças culturais, sociais e de relacionamentos. Tudo é muito diferente. Mas, sem dúvidas, a língua interfere em todos esses outros setores.

Para ter ideia, chamei um rapaz de “retardado” sem querer. Disse que ele era um “homem simples” (simple man) e ele me olhou com uma cara meio estranha. Então vi que ele não tinha entendido o que falava e perguntei como se chama alguém “sem frescuras” e ele me explicou que só se usa “simple man” apenas para pessoas bobas ou “lesadas” e que eu não repetisse aquilo. Esse é o tipo de coisa que só aprendemos depois de passar por algo assim. Mas também não esquecerei mais (risos).


Além dessa palavra existem milhares de outras que tenho que recolocar em lugares diferentes para entender e ser entendida. Fora que nem tudo que nasci e cresci ouvindo se entende quando dito para quem não é Brasileiro. Aqui também há hábitos bem diferentes. Conheci um publicitário de Belo Horizonte que morou aqui 10 meses e que me falou sobre como funciona a paquera com as garotas estrangeiras.

Segundo ele, elas gostam de uma “dança do acasalamento” (como ele batizou a paquera com as “gringas”) antes do beijo. Ele disse que as meninas daqui dançam, se esfregam e não beijam. O beijo só depois de carinhos bem “avançados”. São tantas diferenças que me sinto reaprendendo a “andar”. Cada dia aprendo mais. Escuto, vejo, falo e tento entender e ser entendida.
Nos primeiros dias isso é uma mistura de maravilhoso com tenso. Depois a saudade da família e amigos passa a ficar maior e chega a doer no peito. Choros? Muitos. 

Sem dúvidas, todo intercambista já deu uma choradinha escondida. É complicado viver longe de tudo que se conhece. Estar rodeado só de “estranhos”.



Mas a boa notícia é que essa solidão doida que bate no peito passa. Só ter calma e não deixar de tentar viver essa vida diferente. Não podemos esquecer que por mais passageiro que seja o momento, esse agora é seu mundo! Viva-o! Acredito que todo começo é difícil. A primeira semana de trabalho. O primeiro dia de aula em escola nova. Os primeiros dias de namoro. Sempre no início nos sentimos desconfortáveis. Mas depois que pegamos o jeito não tem mais pra ninguém. Só ser feliz!

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