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Quando eu ainda morava em
Mossoró, residia sozinha e era responsável por todos os afazeres de uma “dona
de casa”. Entre eles, a temida “ida ao supermercado”. No Brasil, seja em
Mossoró ou em outro lugar, não conseguimos fazer muita coisa no supermercado
com R$ 50 reais. Já aqui, no Reino Unido, encontramos algumas empresas que
comercializam produtos de alta qualidade a preços bem acessíveis. Não sei se
isso acontece em toda Europa. Acho que não. Mas isso faz a alegria de quem mora
“pelas bandas de cá”.
Entre as empresas mais
famosas temos: Tesco, Lidl, Aldi e Iceland. Para ter uma ideia, fazendo as compras
nesses lugares de produtos de melhores preços, conseguimos com R$ 50,00 fazer
compras para uso de uma semana. Com 50 euros é provável que possamos comer o
mês inteirinho e com qualidade. Lá encontramos de tudo um pouco: higiene, cesta
básica, frios, frutas, verduras, pães, biscoitos, chocolares e até móveis e
eletroeletrônicos.
Acredito que esse fator, aliado as diversas
possibilidades de transporte público, seja responsável pela permanência de muitos
brasileiros no Reino Unido. Somos muitos aqui. Ouvimos português o tempo todo e
em todo lugar. Gente que chegou há 7 anos, 4 anos ou 4 meses (como eu). Muitos
desses ainda sem saber se vão ou se ficam. A saudade da família, o calor
brasileiro (físico e humano), a cultura, a valorização de sua etnia e muitos
outros fatores te convidam a voltar para casa. Mas, a possibilidade de
crescimento e de qualidade de vida, te impede disso.
Quando eu ainda morava em minha querida Mossoró, tinha
que “visitar mainha por volta de meio dia”, todos os dias, ou o dinheiro não
dava para pagar as contas no fim do mês. E desde universitária eu já ganhava como graduada.
Aqui, trabalhando meio expediente, de segunda a quinta-feira, e como faxineira,
tenho um padrão de vida melhor.
Se penso em ficar aqui para sempre? Hoje sim. Não por
conta de dinheiro. Tenho outros motivos que hoje me prendem aqui (pode fazer
hummmm nessa hora). Mas na hora que penso em viver para sempre longe de todas
as minhas referências o coração bate forte. Não é fácil. Me deixa até triste.
Fora do Brasil não se valoriza o estrangeiro, como nós fazemos. É exatamente o
contrário. Primeiro eles. Eles precisam de tratamento prioritário e ter sempre
mais possibilidades. Depois o resto. É mais ou menos assim. Posso dizer uma
coisa hoje: não há lugar melhor que a nossa casa.