domingo, 31 de março de 2013

Vivendo a ideia de “super-mercado”

Leia também todo domingo no Jornal Gazeta do Oeste: http://www.gazetadooeste.com.br/edicao.php?data=2013-03-31 (página virtual 14).



Quando eu ainda morava em Mossoró, residia sozinha e era responsável por todos os afazeres de uma “dona de casa”. Entre eles, a temida “ida ao supermercado”. No Brasil, seja em Mossoró ou em outro lugar, não conseguimos fazer muita coisa no supermercado com R$ 50 reais. Já aqui, no Reino Unido, encontramos algumas empresas que comercializam produtos de alta qualidade a preços bem acessíveis. Não sei se isso acontece em toda Europa. Acho que não. Mas isso faz a alegria de quem mora “pelas bandas de cá”.

Entre as empresas mais famosas temos: Tesco, Lidl, Aldi e Iceland. Para ter uma ideia, fazendo as compras nesses lugares de produtos de melhores preços, conseguimos com R$ 50,00 fazer compras para uso de uma semana. Com 50 euros é provável que possamos comer o mês inteirinho e com qualidade. Lá encontramos de tudo um pouco: higiene, cesta básica, frios, frutas, verduras, pães, biscoitos, chocolares e até móveis e eletroeletrônicos.


Acredito que esse fator, aliado as diversas possibilidades de transporte público, seja responsável pela permanência de muitos brasileiros no Reino Unido. Somos muitos aqui. Ouvimos português o tempo todo e em todo lugar. Gente que chegou há 7 anos, 4 anos ou 4 meses (como eu). Muitos desses ainda sem saber se vão ou se ficam. A saudade da família, o calor brasileiro (físico e humano), a cultura, a valorização de sua etnia e muitos outros fatores te convidam a voltar para casa. Mas, a possibilidade de crescimento e de qualidade de vida, te impede disso.

Quando eu ainda morava em minha querida Mossoró, tinha que “visitar mainha por volta de meio dia”, todos os dias, ou o dinheiro não dava para pagar as contas no fim do mês. E desde universitária eu já ganhava como graduada. Aqui, trabalhando meio expediente, de segunda a quinta-feira, e como faxineira, tenho um padrão de vida melhor.
Se penso em ficar aqui para sempre? Hoje sim. Não por conta de dinheiro. Tenho outros motivos que hoje me prendem aqui (pode fazer hummmm nessa hora). Mas na hora que penso em viver para sempre longe de todas as minhas referências o coração bate forte. Não é fácil. Me deixa até triste. Fora do Brasil não se valoriza o estrangeiro, como nós fazemos. É exatamente o contrário. Primeiro eles. Eles precisam de tratamento prioritário e ter sempre mais possibilidades. Depois o resto. É mais ou menos assim. Posso dizer uma coisa hoje: não há lugar melhor que a nossa casa.

terça-feira, 26 de março de 2013

Como faço para trabalhar na Europa?

http://www.gazetadooeste.com.br/edicao.php?data=2013-03-24 página virtual número 15


Desde o meu primeiro texto publicado no Jornal Gazeta do Oeste, tenho recebido perguntas sobre trabalho na Europa. Como são? Como faço pra conseguir? É fácil? Precisa falar inglês? Então resolvi falar um pouco mais sobre isso hoje e ajudar essas pessoas a tirar suas dúvidas. Primeira coisa que precisa saber é: para viajar a turismo para a Europa Brasileiro não precisa de visto e o “brazuca” pode passear por até 3 meses sem problemas. Depois de saber disso, vamos falar de outras duas possibilidades de visto: de estudante e de trabalho.

O visto de trabalho é um processo que deve ser iniciado pela empresa contratante. Ele é muito difícil. Primeiro por ser ‘expensive’ (caro), depois porque a sua permanência fica diretamente ligada a aquele emprego. As empresas só partem para esse tipo de visto em casos de extrema necessidade. 

Já o visto de estudante tem validade de um ano. Em cada país da Europa existem procedimentos diferentes. Em alguns, o estudante pode trabalhar, em outros não. Em outros lugares pode trabalhar, mas só poucas horas. Aqui na Irlanda o estudante pode trabalhar 20h por semana no período de aula e 40h por semana nas férias. Nossos cursos são organizados para terem 6 meses de aula e seis meses de férias.

        Trabalhar é possível aqui. Mas neste momento não recomendaria a viagem para quem tem apenas esse foco: trabalhar. O que você vai ganhar aqui como “faxineiro”, sem dúvidas será uma boa recompensa em relação ao que ganha no Brasil e pode até pagar as suas despesas. Mas não será mais que isso. E todo ano precisa renovar e pagar mais. E o investimento para isso é bastante alto. Acredito que essa possibilidade de trabalho seja algo que ajude apenas pessoas que querem estudar o inglês e não tem possibilidade de ter um ‘paitrocinador’. Ou até aqueles intercâmbistas que os pais pagam os custos e ele trabalha para conseguir viajar e comprar mais aqui. Aos demais, não recomendo.

Primeiro porque trabalho esta bem difícil na Europa toda. Para ter uma ideia, antes da crise, se pagava normalmente em Dublin uma média de 15 euros a hora. Hoje pagam 8.65 na maior parte dos estabelecimentos. Empresas que tinham 2 ou 3 funcionários para atuar em uma área, hoje estão com apenas uma pessoa para fazer todo o serviço. Conheço muita gente voltando para o Brasil por não conseguir emprego ou porque já “tirou” o que tinha de tirar aqui e voltou ao seu país de origem para faturar em reais. Sem contar que os cargos ‘melhorzinhos’ sempre dão preferência a europeus ou quem tem visto permanente.

Nos tempos de hoje, qualquer pessoa de classe média, que tenha finanças organizadas consegue realizar o sonho de viver fora do seu país. Viajar nunca foi tão fácil para os brasileiros. E se você se apaixonar por um europeu, também há a possibilidade de receber um passaporte. Após dois anos morando junto a um namorado (a) que seja europeu é possível entrar com um processo para conseguir a cidadania europeia. Se casar, o processo corre mais veloz. Esses processos são válidos para casais hétero e homossexuais. Com esse passaporte você passa a ter quase todos os direitos de um Europeu. Vira cidadão daqui.



Se você sonha em morar um tempo fora. Estudar. Trabalhar. Aproveita e procura mais informações na internet. Nela não temos fronteiras e informação nunca é demais. Se tiver dúvidas podem acessar também o meu blog viverserfelizeviajar.blogspot.ie/ e deixar seu comentário ou enviar e-mail para viverserfelizeviajar@gmail.com. Toda semana vou tentar abordar um assunto de interesse de todos. Fiquem bem e até a próxima viagem.

sábado, 23 de março de 2013

Cruzeiro: uma opção!

Não gosto muito de ter que falar o nome da empresa. Mas não vejo outro jeito de fazer isso!
Mas quero deixar claro que não recebi nada para fazer essa publicação!!!

Queria falar sobre cruzeiros. Primeiro mostrar um vídeo que vai te deixar com água na boca (eu fiquei):


Estou realmente pensando no caso de embarcar em uma viagem dessas. Primeiro por ser diferente. Depois por ser o melhor custo-benefício que existe! No valor da rota já é incluso alimentação e hospedagem (você dorme no navio). Com isso é possível você saber quanto vai gastar durante a viagem e não se preocupar em ficar comprando passagens para as diversas rotas... 

Um cruzeiro desses, saindo de Dublin, percorrendo 3 diferentes países da Europa e em seguida indo para o Brasil, passando por Salvador, RJ e SP, sai por menos de 400 euros por pessoa. Os quartos são muito bons. Dentro do navio são apresentados show´s, tem piscina, academia e uma infinidade de opções para os dias em alto mar!

Só precisa ter muito cuidado com os objetos que desejar comprar ou trazer como bagagem. É sempre bom entrar em contato com a agência para deixar tudo acertadinho, pois não pode transportar vidros. E as agências informam que pode transportar quantos quilos de bagagem quiser sem pagar nada extra (diferente de avião e outros meios de transporte que possuem limite de peso), mas não explicam bem essa parte dos vidros.

Ainda não sei explicar bem como isso funciona. Mas estou me informando e assim que tiver mais dados repasso aqui no blog. Também existe cruzeiro Brasil/Dublin!

Encontrem mais informações sobre o assunto em: http://www.royalcaribbean.ie/ ou https://www.facebook.com/groups/259105747446792/?fref=ts

Dicas importantes que eu gostaria de ter gravado!

Eu amo You Tube (quem me conhece sabe disso)! Por isso sempre acabo achando vídeos bem interessantes. Encontrei o canal do ThiagoCupollillo (https://www.facebook.com/ThiagoCupollillo) e ele me pareceu uma pessoa bem coerente (às vezes irônico. Gosto também disso). Gostaria de compartilhar com vocês as dicas dele sobre intercâmbio também aqui na Irlanda:

Esse vídeo é sobre a vida nossa de cada dia. A imagem é ruim, mas o conteúdo vale a pena!


Esse outro é sobre compras aqui. Aqui em Dublin conseguimos comer com muita qualidade gastando pouquíssimo. Assistam ao vídeo e quando estiver aqui peça para algum amigo brasileiro o acompanhar nas primeiras compras. Isso pode salvar seu dinheiro!

sábado, 16 de março de 2013

Não basta dizer e saber que é bom... É preciso mostrar!



Vemos arte na Europa por todos os lados que se possa olhar. Centenas de prédios aqui são mais antigos que a nossa nação. As vitrines de lojas com nítidas influencias de movimentos artísticos e extremamente convidativas, como também, nas ruas e calçadas da cidade, apresentações de todas as naturezas. Em Dublin, o “palco” principal da cidade é a rua. Artistas se cadastram para se apresentar nas calçadas da Grafton Street e comprovar o seu talento. Não basta dizer que é bom. É preciso mostrar!


Em uma de minhas “andanças” por aqui, conheci a banda Keywest (facebook.com/Keywestonline). Apesar de jovem, o grupo possui uma carreira bastante invejável. Mais de 25 mil “curtidas” na página do facebook, turnês internacionais, apresentações na mídia, contato com grandes gravadoras internacionais, etc. Mesmo assim, continuam tocando na rua! Segundo eles, essa é uma oportunidade de conseguir dinheiro para as viagens, vender os CD´s, mostrar o talento e “sobreviver” de música.


Há muito tempo que vinha pensando sobre a importância da arte viver verdadeiramente da arte. Coisa que no Brasil, em especial em Mossoró, sabemos que é algo difícil de imaginar. Para qualquer projeto artístico cultural que possamos pensar é necessário a participação de patrocínio da iniciativa privada para “bancar”. Acho que os patrocínios ajudam, mas precisamos de um formato melhor para o incentivo verdadeiro a arte. Nossos talentos estão se perdendo por falta de opções e dificuldade de se qualificar.

Na Europa, os jovens entram em contato com as manifestações artísticas ainda na barriga da mãe. São tantas apresentações, uma facilidade extrema de acesso a escolas de arte e música, que fica impossível não se “entender” e saber fazer parte dessa movimentação artística. Vemos jovens que se conheceram na escola e se uniram para construírem uma carreira artística invejável que, muitas vezes, eles acreditam ser apenas um hobby.  

Não sei se apresentar-se na rua é a melhor saída para os nossos artistas. Mas sei que conheci no Brasil talentos de alto potencial que precisavam ser mais valorizados. Não é algo fácil para se resolver. Mas é necessário se pensar sobre o assunto. 



Também chamo atenção para a necessidade de amar o que se faz e suar para a conquista de uma carreira – seja lá em que área for. Nada é fácil para ninguém. Então, vamos tentar absolver o melhor das experiências externas. Para mim, só resta desejar boa sorte aos artistas e amigos que desejam viver de arte e vamos mostrar mais o nosso talento. E que um dia possamos vê a arte viver verdadeiramente de arte no Brasil.




Se você curtiu o texto e quer conhecer a banda Keywest, aproveita e confere o vídeo que gravei na Grafton Street quando vi os meninos se apresentando na rua:

vídeo com a banda Keywest na Grafton Street em Dublin



Contatos e material da banda: https://www.facebook.com/Keywestonline











terça-feira, 12 de março de 2013

Reaprendendo a viver e a conversar

É mais ou menos assim: engatinhando, ouvindo e tentando pronunciar correto e entendendo tudo novamente. Assim que me sinto diante de tantas mudanças. Renascendo. Não por causa só da língua. Mas por conta das mudanças culturais, sociais e de relacionamentos. Tudo é muito diferente. Mas, sem dúvidas, a língua interfere em todos esses outros setores.

Para ter ideia, chamei um rapaz de “retardado” sem querer. Disse que ele era um “homem simples” (simple man) e ele me olhou com uma cara meio estranha. Então vi que ele não tinha entendido o que falava e perguntei como se chama alguém “sem frescuras” e ele me explicou que só se usa “simple man” apenas para pessoas bobas ou “lesadas” e que eu não repetisse aquilo. Esse é o tipo de coisa que só aprendemos depois de passar por algo assim. Mas também não esquecerei mais (risos).


Além dessa palavra existem milhares de outras que tenho que recolocar em lugares diferentes para entender e ser entendida. Fora que nem tudo que nasci e cresci ouvindo se entende quando dito para quem não é Brasileiro. Aqui também há hábitos bem diferentes. Conheci um publicitário de Belo Horizonte que morou aqui 10 meses e que me falou sobre como funciona a paquera com as garotas estrangeiras.

Segundo ele, elas gostam de uma “dança do acasalamento” (como ele batizou a paquera com as “gringas”) antes do beijo. Ele disse que as meninas daqui dançam, se esfregam e não beijam. O beijo só depois de carinhos bem “avançados”. São tantas diferenças que me sinto reaprendendo a “andar”. Cada dia aprendo mais. Escuto, vejo, falo e tento entender e ser entendida.
Nos primeiros dias isso é uma mistura de maravilhoso com tenso. Depois a saudade da família e amigos passa a ficar maior e chega a doer no peito. Choros? Muitos. 

Sem dúvidas, todo intercambista já deu uma choradinha escondida. É complicado viver longe de tudo que se conhece. Estar rodeado só de “estranhos”.



Mas a boa notícia é que essa solidão doida que bate no peito passa. Só ter calma e não deixar de tentar viver essa vida diferente. Não podemos esquecer que por mais passageiro que seja o momento, esse agora é seu mundo! Viva-o! Acredito que todo começo é difícil. A primeira semana de trabalho. O primeiro dia de aula em escola nova. Os primeiros dias de namoro. Sempre no início nos sentimos desconfortáveis. Mas depois que pegamos o jeito não tem mais pra ninguém. Só ser feliz!

Descobrindo o Carnaval na quarta-feira de cinzas



Todo bom brasileiro sabe quando será o carnaval um ano antes dele acontecer. Nos meses que antecedem o “evento” já somos lembrados o tempo todo. O comércio, as roupas, as festas e todas as nossas atividades no início do ano são pensadas programando o tão sonhado e famoso período. Há até aqueles que acreditem que o ano só realmente inicia após o carnaval. Em 2013 vivi o meu mais diferente carnaval. Aqui na Irlanda, só notei que era mesmo carnaval na quarta-feira de cinzas, quando ao andar nas ruas vi milhares de pessoas com uma cruz de cinza na testa.



No primeiro instante achei que fosse algum evento que estivesse acontecendo no centro da cidade. Mas não! Eram os católicos “praticantes” que comemoravam um dos dias mais importantes para a religião. Para quem não sabe, o carnaval é um evento totalmente cristão, celebrado 40 dias antes da Páscoa, e surgiu quando, no século XI, foi implantada a Semana Santa para reverenciar a paixão e morte de Jesus Cristo. Este período é chamado pela Igreja de Quaresma que indica quarenta dias de jejum principalmente com abstinência de carne (inclusive é daí que foi criado o nome do evento).

Hoje em dia, mesmo os mais religiosos brasileiros, acabam caindo na folia neste evento. Muitos nem mesmo sabem qual é o verdadeiro significado desse período. Aqui é realmente diferente. O momento é totalmente voltado a fé cristã. Você não via cartaz ou qualquer outra coisa nas ruas que fosse possível te lembrar sobre o "carnaval". Apenas no facebook era possível “se informar” sobre o assunto. Duas ou três festas brasileiras foram organizadas na cidade (com direito a desfile de mulatas – claro!). Mas, sem dúvidas, nada disso chega perto dos nossos carnavais.

Outra coisa muito diferente que vi aqui é sobre feriados. Carnaval aqui não é feriado (mesmo o país tendo diversos feriados cristãos). O dia dos namorados é 14 de fevereiro (a data também não é feriado e comemora o Valentines Day). E quando a data é feriado, ela é sempre comemorada na segunda-feira (exceto a noite de Natal e o réveillon). Para não quebrar a semana de trabalho, todos os feriados são comemorados, aqui, na segunda-feira da semana que ele acontece!


O que eu achei mais interessante não foi viver um carnaval diferente, mas observar o quanto a cultura de um lugar modifica esse povo. Católicos, com crenças idênticas, acabam se comportando totalmente diferente na mesma comemoração religiosa somente por conta do país onde nasceram. Pessoas emitindo suas opiniões, falando, se vestindo... tudo de uma maneira incomum para mim o tempo todo. Fico atenta olhando o que acontece a minha volta e penso a todo instante o quanto o mundo é maior do que imaginamos. Experiência única. Já que o carnaval acabou, aproveito o espaço para desejar Feliz ano novo aos brasileiros! E quando é mesmo o carnaval do ano que vêm?