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Graduação na
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, pós-graduação em Artes Visuais,
mais de 30 cursos nas mais diferentes áreas, experiência em eventos, comércio,
escritório, setor financeiro, vendas, como professora, Jornalista e até como
apresentadora de TV em programa diário e ao vivo. Sabe para que esses títulos
me serviram na Europa? Para nada. Nenhuma dessas comprovações me ajudou em nada
aqui. As vivências delas sim, essas aí estão me ajudando...
Aqui, seja para qual for o cargo,
querem gente fluente ou com o alto nível de inglês. Se você tiver certeza que
quer morar um tempo fora, comece já seu curso de inglês. Não chegue “no zero”. Também
é bom começar a ajudar em casa para ir pegando o jeito da coisa (risos). É
muito difícil para quem não é fluente ter um emprego em uma área que não seja considerada
subempregos (como os brasileiros chamam as vagas de empregos mais pesados). Mas
vamos e convenhamos: subemprego aqui é luxo comparado ao Brasil. Na verdade nem
da para comparar! Eu comecei, há algumas semanas, a trabalhar em uma academia como
cleanear (no Brasil chamamos de faxineira). E estou aprendendo muito com meu
trabalho.
Acreditem, sou privilegiada por
ter conseguido meu emprego de “faxineira”. Estou em Dublin há um mês. Tenho
amigos aqui há quase um ano que ainda estão desempregados. E por mais difícil
que seja de acreditar, estou amando meu novo trabalho! Primeiro por possibilitar
meus estudos (pagando minhas contas e exercitando o inglês com a vivência
diária com os nativos), como também, o meu “job” me ajuda a entender mais sobre
economia, educação, cidadania e o quanto nosso sistema (brasileiro) ainda
precisa mudar. Aqui (na Europa) o trabalhador recebe por hora de serviço. Quanto mais se trabalha, mais se ganha.
Para uma empresa pagar alguém por
mês o custo é alto, pois o contrato é, normalmente, de exclusividade. O salário
mínimo realmente paga o mínimo (comida, moradia, se vestir e diversão). Para
terem uma ideia, trabalho de segunda a quinta-feira (4 dias por semana),
3h/dia, e ganho bem mais que o piso salarial de Jornalista no Rio Grande do
Norte. Fora que o serviço de limpeza aqui é algo totalmente diferente do
Brasil. Não há nem como comparar. Meu serviço é basicamente passar aspirador de
pó e limpar vidros. Também não posso esquecer que aqui todo trabalho é
respeitado. Ninguém se acha melhor ou pior por conta do seu cargo ou atividade.
Acreditem. É verdade!
Acho que intercâmbio é isso. Se
misturar. Viver novas experiências. Se arriscar a tentar entender como as
outras pessoas vivem, como conversam, do que gostam, as palavras que usam
diariamente, como o trabalho é realizado em outros países, etc. De nada adianta
viajar, passar anos longe de casa se não for para tentar verdadeiramente viver
essa outra cultura. Inclusive, conheci uma senhora africana que mora há 12 anos
em Dublin e NÃO fala inglês. Isso mesmo. Se você realmente não se esforçar para
viver o idioma que estuda, de nada vai adiantar o investimento. Ainda mais no
tempo em que vivemos, onde viajar ficou mais fácil e há brasileiros por todas
as partes.
Atribuo minha contratação ao meu
inglês (cheguei com o nível pré-intermediário de conversa e entendendo melhor
que a média) e também a minha bagagem de vida. Como disse lá no início do
texto, meus títulos não me ajudaram, mas as vivências em situações diversas
ajudam sempre a encarar novas fases e desafios. Também atribuo meu emprego as
boas amizades (inclusive aproveito para agradecer a Adriele Queiroz por me
apresentar a prima dela que me indicou para a vaga – Ana Paula muito obrigada
também).
Outra coisa importante para se
falar é que em um país desenvolvido as empresas não procuram apenas currículos.
Procuram pessoas com qualidades. Os currículos aqui (Europa) devem expressar
como é a sua personalidade e o que você aprendeu por onde está ou já passou.
Eles procuram pessoas que “SÃO” como eles querem. Se preciso, depois, eles ajudam
a construir o “TER”, e formatar as qualificações necessárias. Isso é o mais
incrível que achei. Se você vai a um restaurante ou conhece alguém em uma
festa, ele não liga se você faz faxina ou se é apresentador de TV. Ele quer
saber se você fala bem, se conhece sobre os assuntos que ele (a) gosta, se sabe
conversar, quais músicas gosta de ouvir, se vai conseguir pagar a própria
conta, entre outras.
Atribuo isso ao fato que aqui é comum
estudantes europeus (inclusive de famílias ricas), ainda em fase de estudo,
trabalharem em funções não muito boas (como: limpeza, lavando pratos, garçom,
recepcionista, etc). Aqui o feio é não trabalhar. Feio é não querer melhorar.
Não vencer por seu próprio esforço. Isso me lembra muito a minha querida e
falecida avó Dulce que me criou e que em meio a sua simplicidade, sempre me
ensinou que “feio é matar e roubar”. Tomei isso como exemplo e acho que essa
foi a melhor herança que ela me deixou.
Ao planejar minha viagem a Europa
eu já calculava que tivesse que enfrentar alguns subempregos. Temi muito não
conseguir. Acho que esse foi meu maior medo. Se nunca consegui arrumar nem meu
próprio quarto, imagina pensar em arrumar uma empresa! Confesso que me
surpreendi comigo mesma e tenho me surpreendido ainda mais. Com tudo que estou
vendo e vivendo, não poderia ser de outra forma, tenho percebido meu
crescimento intelectual e humano evoluir a galopes.
Vivendo de pertinho essas
histórias milenares, percebi que o Brasil é ainda um recém-nascido e que a
história não é feita de “vontades”. Mas sim, de experiências (boas e ruins). E
que muitas vezes, mesmo assim, ainda ficam erros que eternamente vamos tentar
corrigir. Estou fazendo a minha parte. Acho que é assim que construímos um
lugar melhor para todos. Com cada um fazendo o que pode, mesmo que isso não
mude o mundo todo, mas altere algo a sua volta (por menor que seja a mudança). O
importante é “ser brasileiro” e não desistir nunca!
Lindo texto mayara. Boa sorte pra você em sua jornada.
ResponderExcluirObrigada meu lindo. Beijo enorme e tudo de bom em sua vida também!
ResponderExcluir:*
Muito fodaaa!! ADOREI!
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